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O Atirador ativo e eu, usando colete de trânsito?

Colete de trânsito, o bom e velho HX que todo mundo odeia, inclusive eu. Uma ocorrência policial, mas…veja este vídeo antes!

Este evento ficou conhecido como O Massacre  de Columbine, leia tudo aqui, quando dois estudantes da escola, por motivos relacionados a bullying, utilizaram armas e ao entrar na escola, saíram atirando de forma descontrola, matando quem estivesse pela frente. Saldo de mortos 13 pessoas. No site temos o nome de todas elas, inclusive dos 21 feridos.

Em Columbine as autoridades não sabiam que os suspeitos haviam cometido suicídio e como ainda havia explosivos instalados ao redor do prédio, levou-se mais de três horas para que os serviços de emergência chegassem a todos os sobreviventes e encontrassem Harris e Klebold mortos.

Por sorte, isso não é comum no Brasil, mas já tivemos os nossos, como é o caso de um estudante de medicina em São Paulo, em novembro de 1999, um viciado em cocaína, usando uma submetralhadora americana Cobray M-11/9 calibre 9 milímetros, no modo automático(rajada para os não policiais), acertou oito pessoas em um cinema(leia tudo aqui).

Apesar da sorte citada no parágrafo anterior, esta nos faltou, e em 07/04/2011, um atirador sem controle, entrou numa escola no Rio de Janeiro, a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, e fez várias vítimas com o emprego de revólveres, onde até o momento fecham em 11 pessoas, a grande maioria crianças. Nosso colega Sgt PMERJ Alves resolveu a situação, com coragem, encarando o atirador.

Veja o vídeo da ocorrência no Rio de Janeiro.

E como todos mantém-se discutindo a barbaridade do evento em si, discutindo a variação mental destas pessoas, discorro aqui sobre o que fazer nestas condições.

A idéia aqui não é falar destes eventos em si, mas das técnicas e estratégias empregadas neste tipo de evento.

Então chegamos àquele momento de reflexão, lembrando do treinamento que tivemos para estes casos(tiveram, né? Ou não?), orientações simples, mas que custam vidas,  não tiveram treinamento?

Acredito que poucos no Brasil falam sobre isso. E Depois deste evento no Rio de janeiro, tenho certeza de que ninguém falava sobre isso, até que ele acontecesse.

Pois entendam, isso não faz parte de nossa rotina de treinamento, razões? Não sei.

Errôneamente acreditamos que este tipo de evento deve ser tratado como uma crise e que seu desdobramento deve ser de acordo com as medidas imediatas que o gerenciamento requer: conter; isolar e…mas como se comunicar com uma pessoa que está atirando em tudo que se move?

Aqui é o momento em que o problema se expande; enquanto estas medidas são providenciadas, o atirador ensandecido continuar a matar suas vitimas de forma descontrolada.

Imagine-se numa situação dessa,  dentro da escola do filme, sem rádio para pedir apoio, o rádio disponível é somente aquele que ficou preso na viatura.

Você está se enxergando no inferno amigo? Não acabou ainda.

Respondendo a eventos com homicidas por atacado ou atiradores ativos, do inglês active shooter.

Neste tipo de situação, os policiais que receberem o chamado e a determinação de deslocar para estes locais, devem, a todo custo, cessar toda e qualquer violência direcionada aos cidadãos.(Escrevendo e ouvindo o áudio do vídeo me dá certa agonia).

Alguns colegas entendem que somente devem iniciar uma ação dessas após reunidos os elementos suficientes, quando falo nisso incluo tudo, pessoas, material, etc., para que a ação tática seja iniciada, mas lembre-se pessoas estão morrendo. Portanto, defendo que nestes casos, mesmo sozinho, apesar de que no Brasil não trabalha-se isolado, certo? devemos entrar e retirar do agressor a sua atenção, obviamente que quanto mais agressores, mais difícil.

Reforço aqui nosso compromisso em defender a vidas das pessoas. As unidades de apoio foram acionadas, grupos especiais e assim por diante, bombeiros também, todos estão em deslocamento para este incidente, mas você chegou primeiro com sua equipe.

O treinamento individual para atividades em ambientes fechados deve ser enfatizado ao extremo, juntamente com a tecnologia disponível, para melhorar nosso resultado na resposta, equipamentos como lanternas, apitos, gases inquietantes, colete balístico e acrescento aqui o conhecido e odiado, O velho colete HX, sem brincadeira, este é um bom aliado para estas horas.

Em eventos como estes, não será estranho se outros policiais forem confundidos com os agressores, simplesmente pelo fato de estarem portando armas. Pelo menos nos EUA é comum.

Isso acontece pelo fato de que policiais necessitam nestes momentos de aumentar sua velocidade na ação e passam a atirar instintivamente, pois isso passa a ser o mais importante para eles,  e para aumentar a velocidade, alguns atalhos serão criados instintivamente também, e um ponto que o atalho não vai passar é a identificação de alvos, que fica comprometida algumas das vezes. A adrenalina, visão de túnel, pressa, preparo físico ruim e descontrole, irão colaborar para um resultado pior ainda.

Para minimizar isto, leve seu colete HX com você. Aquele colete de usar no policiamento à pé, que todo mundo acha horrível, inclusive eu! Mas carregue-o na viatura, sim?

Colete HX – nas costas está a forma do H.

Por mais que você treine os policiais a olharem as mãos dos criminosos, isso é negligenciado em alguns momentos, obviamente não por todos. Mas imagine o momento em que seu colega está de costas, onde o uniforme é uma cor morta, plana, sem detalhes, no caso dos americanos, os atiradores ainda fazem o desfavor de usar roupas pretas, escuras ou uniforme militares.

A parte da frente de nossos uniformes são melhores, aquele monte de brevês, mesmo que de borracha, identificam de relance nossos colegas.

Quer mais? E aqueles profissionais de vigilância armados, cada um com seu uniforme! Não tenha dúvidas, em ocorrências como essas, eles estarão ao seu lado ou no mesmo local que você e com o mesmo objetivo. Que uniforme a empresa dele usa? você lembra? Mas você vai ver que ele possui uma arma mão, ou não!

Nestas ocorrências o devido apoio vai chegar de todos os lados e conseqüentemente, irão iniciar  a entrada no ambiente do lado que chegarem, isso é normal e com certeza vão se separar também.

No caso de possuir rádios, e imaginar que é possível coordenar os grupos dentro da área da ocorrência, digo para que você não seja tolo nesta hora, pois a avalanche de informações torna impossível o acompanhamento das posições dos grupos de policiais, imagine ainda se tiros estivem ocorrendo ou ainda com alarmes e sirenes disparados.

Portanto, levando-se em conta as observações presentes nestes eventos críticos, e das necessidades técnicas e estratégicas, reforço, use seu colete de trânsito também.

A única desvantagem que vejo é que o atirador vai identificá-lo também, até mais rápido, mas não se preocupe, ele está atirando em tudo que se move mesmo, sem o colete não seria diferente, certo?

Criaram um outro colete para este casos, mas eu…sei não, eheheh!! Rápido de colocar e para tirar também!!

Mas nessas horas, qualquer ajuda é válida, quando o objetivo é salvar vidas!

Acredito que na fase inicial de um atirador ativo, utilizar um colete de trânsito agregado ao uniforme, ultrapassa os pontos negativos de sua utilização, porém, quando as coisas se estabilizarem, a crise estiver contida, a coordenação passou a existir realmente, você pode retirar seu colete, pois cá para nós, o colete é feio demais!

Força e Honra!

Texto produzido em dispositivo móvel(Tablet), favor desconsiderar os erros de digitação.

Para saber mais(em inglês):

ACTIVE SHOOTER – HOW TO RESPOND

Clique para acessar o active_shooter_booklet.pdf

CAMPUS TO CONDUCT ACTIVE SHOOTER DRILL

Clique para acessar o emergencyDrill.pdf